sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Arquivos da Igreja Católica ajudam a contar história do Estado


Os documentos antigos foram recentemente recuperados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e estão disponíveis na Sala de História Eclesiástica do Ceará da Arquidiocese de Fortaleza. A sala fica na parte interna da Faculdade Católica de Fortaleza, no prédio do Seminário da Prainha.
Em manuscritos, documentos, jornais e livros antigos a história se faz presente. As memórias de um povo e os hábitos pretéritos, quando preservados, quase podem se eternizar no papel. A sala de História Eclesiástica do Ceará da Arquidiocese de Fortaleza guarda pedaços que ajudam a contar a história da Capital. E do Estado. Por meio de arquivos da Igreja Católica, reunidos desde o fim da década de 1960, é possível desfiar momentos em que o Ceará ainda era uma colônia. Ou dos tempos em que o Estado estava sob à autoridade do Império. O Ceará República também está lá. Até os tempos mais recentes.
“A sala guarda e preserva a memória histórica do Ceará, como um todo. Não só da Igreja. Mas também das histórias que se desenvolvem das relações pessoais”, ressalta o monsenhor João Jorge, vigário geral da Arquidiocese de Fortaleza e diretor da Sala de História Eclesiástica do Ceará. Todo o acervo foi formado por documentos das paróquias de Fortaleza e de livros pertencentes a padres e bispos. Os documentos passaram recentemente por um processo de preservação, realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trabalho, que contou com limpeza e condicionamento adequado, foi finalizado em agosto último.
Um dos destaques da sala é a coleção quase completa do jornal O Nordeste. O jornal, que circulou diariamente na capital cearense entre 1922 e 1967, era um veículo católico, amparado pela Arquidiocese de Fortaleza. “Mas não eram apenas informações sobre a Igreja. Os acontecimentos atuais também eram retratados”, cita o monsenhor, destacando que o jornal é uma fonte de preservação da memória histórica do Estado. Há ainda atas manuscritas, fotografias, correspondências de religiosos, livros antigos e materiais impressos pertencentes a padres, como material de congressos que dom Aloísio Lorscheider participou.
A sala costuma ser usada por quem se debruça a estudar, unir os pedaços e contar a história. Gente daqui e de lugares distantes. Interessados na história da Igreja ou nos costumes do povo dos tempos passados. “Seminaristas, historiadores, escritores. São os que mais procuram. Tem estudiosos de outros países também”, conta a secretária da sala, Brígida Lima, que acompanha as visitas. O monsenhor lembra ainda daqueles que escrevem biografias. “Os pesquisadores de dom Helder Câmara já estiveram aqui”. O local, que guarda a memória, é uma sala alta, com três compartimentos.
Com estantes cheias de livros antigos, arquivos guardados em pastas, jornais arquivados e uma mesa grande para apreciar o material. O local fica na parte interna da Faculdade Católica de Fortaleza, no prédio do Seminário da Prainha. No mesmo lugar, outro ambiente, que guarda os arquivos da Cúria Metropolitana de Fortaleza, faz parte da sala. O acervo, segundo o monsenhor, reúne livros de registros de batizados, casamentos e óbitos das primeiras paróquias de Fortaleza. “Muitos procuram para montar árvore genealógica da família”. No momento, o monsenhor João Jorge explica que esse material não está disponível para consulta, por causa de uma reforma no espaço.
ENTENDA A NOTÍCIA
Desde a década de 1970, os documentos da sala de História Eclesiástica do Ceará da Arquidiocese de Fortaleza estão disponíveis para visita. A sala contém documentos pertencentes à Igreja Católica, como atas, fotografias, livros antigos e jornais. Acervo foi recuperado recentemente.
Serviço
Para visitar (sala de História Eclesiástica do Ceará da Arquidiocese de Fortaleza)
Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h às 16 horas
Local: avenida Dom Manuel, 3 – Centro/ Telefone: (85) 3388 8712
Saiba mais
Preservação
Conforme a restauradora do Iphan e coordenadora do projeto de preservação, Márcia Lessa, o processo envolveu, além da limpeza e do condicionamento adequado, a identificação e a organização dos itens.
Alguns livros também passaram por restauração. Foi feita ainda a identificação dos materiais que vão precisar ser restaurados. Ao todo, foram 30 meses de trabalho. “Com esse projeto, houve uma disponibilização maior do acervo”, explicou Márcia Lessa.
O projeto foi realizado em duas etapas e teve o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD) do Ministério da Justiça.

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