quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

“Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”.


Seguindo o estímulo da Liturgia da Igreja, somos chamados a recomeçar a vida no Advento e no Natal do Senhor. A finalidade da celebração do Ano Litúrgico é colocar a Igreja na dinâmica da ação da graça de Deus que dá sentido e força de transformação à vida e à história humana.
É partindo da celebração da Páscoa de Jesus, como fonte de vida e de luz, que o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano com sua graça e claridade. Assim todos os acontecimentos são vividos na realidade do“ano da graça do Senhor” (Lc 4, 19), a presença do Reino de Deus que penetra o tempo da humanidade. Por isso a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a “festa das festas”, “solenidade das solenidades”, como a Eucaristia é o “sacramento dos sacramentos. O mistério da ressurreição, na qual Cristo venceu a morte e derramou com Seu Espírito nova vida no mundo, penetra e supera a rotina do nosso velho tempo com sua poderosa força de vida.
“O Ano Litúrgico é o desdobramento dos diversos aspectos do único Mistério Pascal. Isto vale muito particularmente para as festas em torno do mistério da encarnação (Imaculada Conceição, Anunciação, Advento, Natal, Epifania) que comemoram o começo da nossa salvação e nos comunicam as primícias do Mistério da Páscoa”. (cf. C.I.C. 1171)
Estamos celebrando o Natal de Jesus. O que isto significa? São as primícias, primeiros frutos da graça salvadora da Páscoa de Cristo que vai tomando conta da humanidade. Por isto mesmo o Natal é chamado de “Pequena Páscoa”. E como a Páscoa da Ressurreição é preparada pela Quaresma que renova o processo de Iniciação Cristã, o Natal é preparado pelo Advento – tempo de esperança na vinda de Cristo, vinda esta no “hoje” de nossa vida, pois já veio em seu nascimento na carne humana e virá na glória do julgamento final.
O tempo do Advento é propício para despertar a esperança e abrir os corações; e, como lembra muitas vezes a liturgia: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.” (Mc 1,3) O Advento é novo chamado à Evangelização.
Sem terreno preparado não frutifica a semente lançada. Assim a semente da graça do Reino de Deus não pode frutificar se o terreno da humanidade não se abrir e não cooperar com ela.
“Em seu imenso amor por nós, pecadores, o Pai enviou seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os mistérios do seu reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da sua graça e, enfim, adotar-nos como seus filhos e herdeiros da vida eterna. Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para conosco. Ela nos ensina também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para os seus contemporâneos. Sua eficácia é comunicada a todos nós se, mediante a fé e os sacramentos, quisermos receber a graça que Ele nos prometeu, e orientar nossa vida de acordo com os seus ensinamentos.” (Cartas Pastorais sobre o Advento de São Carlos Borromeu).
Estamos retomando a caminhada da celebração anual litúrgica da Igreja. Ela nos convida a este caminho pedagógico de fé e vivência cristã, revivendo em nós e em nossas comunidades, com gestos concretos, o Mistério da Salvação em Cristo Jesus.
Que o Advento e o Natal do Senhor sejam nosso programa pastoral no tempo que é dom da graça de Deus. Recomeça em nós pessoalmente e comunitariamente a fazer-se presente a paternidade de Deus em nossa filiação divina e fraternidade universal de Seus filhos e filhas. E celebramos o Natal vivendoCristo em nós: a Palavra de Deus que se faz carne e em nós atua pelo Seu Espírito.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques, Arcebispo Metropolitano

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